Página

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Movimento das FP-25 Abril

 
 
A nova geracao portuguesa possivelmente ouve por vezes sem conta falar em movimentos terroristas e em grupos terroristas quse sempre relacionados e ligados ou a identidades religiosas ou politicas. Ao falar nessas organizacoes refiro-me sobretudo e mais exactamente a Al-Qaeda que para muitos ate ao 11 de Setembro de 2001 tal como eu era algo que desconheciam por completo embora soubesse desde a muito tempo como sao os extremistas radicais islamicos e muculmanos sobretudo quando se organizam em grupos. Falo tambem do IRA, do Hamas, no proprio Hizbollah e bem mais perto de Portugal o caso da ETA o grupo terrorista a operar em Espanha e Franca fazendo assim o terrorismo estar tambem presente no grupo de paises que compoem a UE  e na propria Penisula Iberica e que procuram a todo custo e por todos os meios sem qualquer apreco pela vida humana a independencia do Pais Basco. A juventude portuguesa tambem podera ter ouvido falar em algo semelhante nos anos 80 do seculo passado em algo semelhantes ainda que sem fundamentos religiosos somente politicos o caso dos FP-25 o mesmo grupo terrorista fez com que o terrorismo em Portugal fosse uma realidade e nao fosse apenas uma preocupacao dos outros de fora mas tambem dos portugueses.

Otelo Nuno Romao Saraiva de Carvalho mais conhecido por Otelo Saraiva de Carvalho ele mesmo foi considerado estar vingulado ao grupo, detido, condenado e preso no entanto muitos consideram-no apenas o homem que libertou Portugal do Estado de ditadura em que se encontrava e procuram fazer esquecer que o mesmo pode ate ter libertado Portugal da ditadura para depois introduzir o terrorismo que introduziu dentro do mesmo. A Politica diz uma amiga minha que e um jogo de interesses, um jogo sujo onde nada importa para se levar a melhor.


 
As Forcas Populares 25 de Abril (FP-25) foram uma organizacao armada clandestina de ideologia politica de Extrema-Esquerda (habitualmente em Portugal so se considera que a violencia e o terrorismo possa estar ligado a organizacoes de ideologia politica de Extema-Direita como sao os Harmmerskins, um facto curioso portanto) que operou em Portugal entre 1980 e 1987.

Uma parte significativa dos seus militantes e elementos procediam das antigas Brigadas Revolucionarias com ligacoes ao Patido Revolucionario do Proletariado e, ainda que em menor numero, da LUAR (Liga de Unidade e Accao Revolucionaria) e da ARA (Accao Revolucionaria Armada) quase todas elas de ideologia de Extrema-Esquerda e algunas ate criadas pelo proprio PCP (Partido Comunista Portugues).

Entre 1980 e 1987 as FP-25 foram directamente responsaveis por 13 mortes - as quais acrescem ainda as mortes de 4 dos seus operacionais - dezenas de atentados a tiro e com explosivos e de assaltos a bancos, viaturas de transportes de valores, tesourarias da fazenda publica e empresas.

No plano legal o julgamento dos actos imputados a organizacao foi incompleto, quer por prescricao de alguns dos processos, quer pela dificuldade em identificar os autores materiais dos mesmos factos.

A figura mais conhecida vingulada as FP-25  foi Otelo Saraiva de Carvalho.


Surgidas do periodo pos-revolucionario, as Forcas Populares 25 de Abril aglutinaram os sectores mais radicais da esquerda revolucionaria, corporizando um manifesto de descontentamento com a evolucao politca do pais, nomeadamente com a instauracao de um sistema representativo de base partidaria e a reactivacao do sistema econimico-social de pendor capitalista. Sao alias bem evidentes e claras no documento de apresentacao publica da organizacao o conhecido "Manifesto ao Povo Trabalhador" datado de Abril de 1980, as alusoes aquilo que a organizacao considerava serem desvios graves a constituicao de 1976, nomeadamente  o abandono do Socialismo, o abandono tambem da Reforma Agraria ou a perda de expressao e peso decisorio da vontade popular.

Frente a realidade politica da epoca, as Forcas Populares 25 de Abril contrapunham um modelo de democracia popular, assente em assembleias e conselhos de base - o chamado basismo ou conselhismo - um pouco a semelhamca dos modelos de inspiracao Libia ou cubana, pugnando assumidamente pelo nao alinhamento com dois grandes blocos politico-militares protagonista da Guerra Fria como uma condicao fundamental a implantacao do Socialismo em Portugal.

As accoes armadas levadas a cabo espelhavam igualmente uma dispersao em torno de causas diversas - economico-sociais, ambientais, politicas, solidariedade internacionalista e ate mesmo na intervencao em questoes directamente relacionadas com militantes e simpatizantes - num aparente esforco de intimidacao e condicionamento das decisoes politicas e no sentido de provocar uma insurreicao popular geral e simultanea edificacao de um exercito popular.

Muitos pelo recurso constante a "recuperacoes de fundos" - designacao dada pelo mesmo grupo terrorista a assaltos a bancos, tesourarias da fazenda publica, empresas e viaturas de transporte de valores, a principal forma de financiamento - mas tambem pelo isolamento politico e mediatico, as FP-25 rapidamente criaram para si junto da generalidade da opniao publica a imagem de uma organizacao entregue a pratica de delinquencia comum.

Apesar de serem conhecidas algumas tentativas de aproximacao a governos de paises estrangeiros no sentido de obter financiamento e apoio logistico, a verdade e que o financiamento da organizacao parece ter sido feito na sua maior parte atraves de accoes de recuperacao de fundos. Contudo existem provas concretas de apoio de governos externos, nomeadamente do mocambicano, no que diz respeito a permissao de entrada e residencia de militantes fugidos a justica portuguesa.

Simultaneamente existem ainda fortes indicios da existencia de relacoes de colaboracao com outras organizacoes armadas clandestinas estrangeiras bem mais reconhecidas internacionalmente e de maior perigo publico, nomeadamente  com o IRA na Irlanda do Norte, Republica da Irlanda e Reino Unido e com a ETA com sede na Espanha e Franca. No caso desta ultima tudo indica terem existido permutas de armas e intercambio tecnico e logistico entre seus militantes.

Bem ao contrario do que havia sucedido em epocas e organizacoes anteriores, nomeadamente no caso das Brigadas Revolucionarias, as Forcas Populares 25 de Abril cedo assumiram os assassinatos selectivos e a utilizacao e pratica de actos de violencia extrema nas suas accoes como praticas inevitaveis no contexto da luta armada por si conduzida. Pese embora no periodo de charneira entre o fim das Brigadas Revolucionarias e o surgimento das Forcas Populares 25 de Abril existirem fortes indicios de envolvimento de militantes da organizacao na morte de um Agente da Policia Judiciaria ainda em 1978 (a organizacao so comecou a ser reconhecido em 1980), no assassinato da Marinha Grande do "arrependido" do caso PRP Jose Placido em 1979 ou na morte de um Agente da Policia de Seguranca Publica (PSP) ja no inicio de 1980 e quando a organizacao terrorista comeca a ser reconhecida e a agir em serie durante um assalto em Sintra, as primeiras mortes oficialmente imputadas a organizacao e reivindicadas pela mesma, verificaram-se logo em 1980 - ano do surgimento das FP-25 - e decorrem sobretudo de confrontacoes com elementos das forcas de seguranca e com populares durante assaltos a bancos e durante a detencao de um Militante. Ainda nesse mesmo ano e na sequencia de um assalto frustrado a duas agencias bancarias na localidade da Malveira e dos graves confrontos ocorridos, sao mortos dois militantes da organizacao e um popular. 

Sera ja em 1981 que, em simultaneo com ataques com explosivos e engenhos incendiarios visando a destruicao de instalacoes e equipamentos e com as accoes de punicao sobre individuos com recurso a disparos de armas de fogo em zonas nao vitais (em geral nos membros inferiores), que se irao verificar os primeiros homicidios intencionais consumados e algumas outras tentativas frustradas. As vitimas sao militares da GNR, empresarios e um popular que consegue escapar ferido a uma accao e ataque que visava a sua morte, numa aparente punicao pelo seu envolvimento nos acontecimentos conducentes ao falecimento de dois militantes da organizacao. De facto e ate a dissolucao da organizaca, as vitimas das execucoes das FP-25 sao na sua generalidade empresarios e administradores - tipicamente associados a empresas com graves conflitos laborais e ate processos de despedimento colectivo e/ou salarios em atraso. A grande excepcao aconteceria ja em 1986 com o assassinato do entao Director Geral dos Servicos Prisionais Gaspar Castelo-Branco - o unico alto Funcionario da hierarquia do Estado a ser vitima da organizacao - uma accao que estava directamente relacionada com as condicoes de detencao dos reus do caso FUP/FP-25 que se encontravam na altura presos nas cadeias portuguesas condicoes entretanto agravadas na sequencia da fuga de um grupo de 10 desses reus da Penitenciaria de Lisboa, em Setembro de 1985. Outras accoes atipicas sao os assassinatos do Empresario Alexandre Souto ocorrido o mesmo crime em pleno recinto da Feira Internacional de Lisboa - morte essa aparentemente explicada e justificada com uma retaliacao pelo falecimento do Militante da Forca da Unidade Popular (FUP) Delmiro Cruel na sequencia de agressoes imputadas a Alexandre Souto no contexto de uma disputa pessoal - e de Jose Manuel Rosa Barradas, um "arrependido" do grupo terrorista, punido assim dessa forma sangrenta pela sua colaboracao com as autoridades.

Durante o periodo de anos em que actuaram as Forcas Populares 25 de Abril abstiveram-se das execucoes de accoes de caracter indiscriminado, nomeadamente de ataques a bomba em locais publicos orientados para a producao de grande numero de vitimas directas ou colaterais, sobretudo entre populares e transeuntes. Com tudo mesmo assim e analisando algumas das accoes verificam-se excepcoes, nomeadamente a morte de populares em situacoes de confrontacao directa no decurso de assaltos a bancos ou ainda a morte - aparentemente nao intencional - de uma crianca na sequencia de um ataque a bomba a uma residencia.

De igual forma e pese tenham sido encontrados indicios de planeamento de accoes deste tipo  - nomeadamente manuscritos e "casas de recuo" especialmente preparadas para o efeito as FP-25 abstiveram-se da execucao de sequestros ou de accoes de extorsao junto de empresarios ou outros agentes economicos. Ao nivel das accoes de financiamento fica para a historia pelo arrojo e eficiencia executoria demostrados, o roubo, em 1984, de 108.000.000 de escudos (aproximadamente 500.000€, um valor na epoca manifestamente avultado) de uma carrinha de transportes de valores em pleno centro da cidade de Lisboa.

De divergencias internas no seio do movimento terrorista das Forcas Populares 25 de Abril haveria de resultar o surgimento de novas organizacoes, nomeadamente os GAR - Grupos Automos Revolucionarios e a ORA - Organizacao Revolucionaria Armada. A primeira destas organizacoes, surgida em 1982, conduziria essencialmente uma campanha centrada em ataques com explosivos contra interesses nacionais mas tambem estrangeiros, nomeadamente accoes de solidariedade com o separativismo basco e contra ao regime do Apartheid na altura ainda em vigor na Africa do Sul, entre outras. A actividade conhecida deste grupo dilui-se por completo ja no final de 1985, desconhecendo-se quaisquer accoes posteriores. A ORA por seu turno surge no Verao de 1986, com uma serie de ataques a bomba contra empresarios, propretarios rurais e empreendimentos turisticos no Algarve, uma campanha visando o turismo estrangeiro na regiao. Na mesma altura, uma explosao ainda que acidental num Apartamento em Lisboa causa a morte a dois dos seus militantes quando ambos manuseavam um engenho explosivo. A ORA tera uma existencia perfeitamente efemera, nao se conhecendo mais accoes atribuidas a esta organizacao.

Ainda em 1983 na cidade do Porto, sao detidos, apos uma operacao policial furtuita e a troca de tiros que se seguiu, tres elementos da organizacao. No inicio de 1984 um destes operacionais, Jose Barradas, assume-se como Membro das FP-25 ao mesmo tempo que se confessa arrependido e passa a colaborar activamente com as autoridades. Em breve se lhe juntariam igualmente na condicao de "arrependidos" Jose Antonio Figueira e Angelo Benevides, os dois militantes igualmente capturados na cidade do Porto em 1983. Em apenas num espaco de 3 meses e sobretudo atraves e gracas dos contributos dos "arrependidos" foi ja possivel as autoridades identificar pessoas, locais, casas, viaturas e o modus operandi da organizacao, dai resultando, em Junho de 1984 a Operacao Orion levada a cabo pela Policia Judiciaria e pelo Ministerio Publico.

Defendida que era pelas autoridades a tese de uma interligacao organica entre as FP-25 e a Forca de Unidade Popular - esta ultima seria na pratica o braco politco legal da primeira, havendo ainda para mais uma notoria coincidencia de militantes e uma acentuada concordancia ideologica - e ainda outras organizacoes politicas perifericas como a Juventude Autonoma Revolucionaria (JAR) ou a Comissao de Luta Contra a Repressao (CLCR), articuladas segundo a acusacao numa estrutura conjuntada denominada Projecto Global, da Operacao Orion resultou a detencao de perto de 40 pessoas, grande parte delas militantes destas organizacoes terroristas. Deste grupo de detidos figuravam as figuras de proa da Forca de Unidade Popular, nomeadamente Otelo Saraiva de Carvalho, Mouta Liz, Humberto Machado e Pedro Goulart. O mesmo facto sucedido viria a ser um dos escandalos politicos de maior polemica em Portugal Otelo Saraiva de Carvalho o Militar que comandara a Revolucao de Abril e fizera cair o Regime de Ditadura em Portugal era agora acusado de ser um Terrorista e condenado pelos mesmos actos e praticas deixando a sociedade e a opniao publica em estado de choque sobretudo aqueles que sempre o haviam apoiado politicamente.

Entre o Verao de 1984 e 1985 novas prisoes viriam a resultar no surgimento de novos "arrependidos" (as vezes convem assumir esse papel mesmo que nao sendo um arrependimento sincero mas de quem tenta ter uma pena judicial mais leve ou ate mesmo um "perdao" de justica), entre outros o caso de Joao Macedo Correia, auto-proclamado quadro e dirigente operacional na regiao Norte, que acaba por colaborar, meses apos ser detido, de forma particularmente activa com as autoridades no desmantelamento da organizacao.

Aparentemente pouco afectadas na sua estrutura operacional, apesar de amputadas da cobertura politica da FUP entretanto esvaziada de quadros e da actividade politica concreta, as FP-25 mantiveram-se activas beneficiando do facto de grande parte dos seus operacionais em situacao de clandestinidade nao terem sido detidos no ambito da Operacao Orion. No entanto ao longo dos anos de 1985, 1986 e 1987, gradualmente a maior parte destes militantes acabariam por ser detidos ou procurar refugio no estrangeiro - nomeadamente em Mocambique - facto que viria a ditar a dissolucao progressiva da organizacao ate ao seu completo desaparecimento por volta de 1989.

O processo em Tribunal viria a ser marcado pela morosidade (tipico da justica em Portugal) e pela polemica - sobretudo pelo papel central atribuido a figura do "arrependido" e tambem pelos subsequentes indultos e amnistia - ficando para a historia como um dos mais morosos e sinuosos processos da historia recente. Considero e so vejo um processo nao de maior morosidade mas de maior polemica na historia da justica em Portugal ainda bem mais recente e na memoria de todos o caso da Casa Pia em Lisboa.

Seria ja em 2001 que chegaria ao fim o processo respeitante aos chamados crimes de sangue que viria a resultar na absolvicao, por falta de provas, da grande maioria dos reus.

Cronologia dos Factos:

1980

. Marco - Formacao da coligacao Forca de Unidade Popular.
. Abril - Dia 20 de Abril apresentacao publica da organizacao Forcas Populares 25 de Abril com o rebentamento por todo o Pais de dezenas de explosivos ainda que de fraca potencia contendo o documento "Manifesto ao Povo Trabalhador".
. Maio - Assalto em simultaneo a dois bancos perto de Lisboa no Cacem que resulta na morte do Soldado da GNR Henrique Hipolito durante uma confrontacao com membros do grupo terrorista.
. Maio - Morte do Militar da GNR Agostinho Francisco Ferreira durante a detencao de elementos de um comando da organizacao Martim Longo, Algarve.
. Maio - Atentado frustrado com explosivos em Braga.
. Julho - Destruicao por incendio de viaturas da PSP.
. Julho - Assalto a Conservatoria do Registo Civil de Vila Nova de Gaia para roubo de impressos para Bilhetes de Identidade.
. Setembro - Rebentamento de explosivos no Consulado e na Embaixada do Chile respectivamente no Porto e em Lisboa.
. Outubro - Assalto simultaneo a dois bancos na Malveira na sequencia do qual sao mortos dois elementos da organizacao (Vitor David e Carlos Caldas) e um Cliente de um dos bancos (Jose Lobo dos Santos), ficando ainda feridos dois elementos da populacao local.

1981

. Inicio de 1981 - Atentado com explosivo na filial do Banco do Brasil em Lisboa que viria a causar um ferido.
. Marco - Ferimentos ligeiros num Comerciante da Malveira (Fernado Rolo) acusado de ser Autor dos disparos que causaram a morte de um dos elementos da organizacao aquando de um assalto frustrado naquela mesma povoacao em Outubro do ano anterior.
. Marco - Disparos nas pernas de um dos administradores da Empresa SAPEC, no Dafundo, na sequencia de conflitos originados por questoes laborais na Empresa.
. Marco - Novo assalto a um Banco desta vez na Trofa.
. Abril - Accao de solidariedade para com o Exercito Republicano Irlandes mais conhecido por IRA, cuja bandeira e hasteada numa sucursal da Companhia Aerea British Airways na cidade do Porto.
. Maio - Disparo de um rocket no interior do Royal British Club em Lisboa, em solidariedade mais uma vez para como Exercito Republicano Irlandes (IRA).
. Julho - Disparos sobre o Director-delegado da Empresa Standard Electrica em Cascais causando-lhe ferimentos ligeiros; na mesma accao e igualmente ferido o seu Motorista; a accao e justificada pela organizacao como resposta aos despedimentos e conflitos laborais que afectavam a mesma Empresa.
. Julho - Roubo de explosivos de uma Empresa de Construcao, nos arredores da cidade de Coimbra.
. Julho - Assalto a um Banco de Vila da Feira.
. Meados - Assalto a um Banco de Leca do Balio.
. Outubro - Disparos nas pernas de um Administrador da Empresa Carides, em Vila Nova de Famalicao; a accao e justificada como uma resposta aos salarios em atraso e aos despedimentos efectuados na Carides.
. Outubro - Morte de dois militares (Adolfo Dias e Evaristo Ouvidor da Silva) da GNR vitimas da explosao de um carro armadilhado em Alcainca, arredores da Malveira; a accao inseria-se ainda no processo de retaliacao ainda relativas a morte de dois militantes (Vitor David e Carlos Caldas)da organizacao num assalto a um Banco desta localidade.
. Outubro - Morte de mais um Elemento do grupo terrorista FP-25 (Antonio Guerreiro) na sequencia de um assalto a um Banco na Povoa de Santo Adriao; no mesmo assalto e morto um transeunte (Fernando Abreu) que, heroicamente armado de uma pistola, faz frente aos elementos da organizacao.
. Dezembro - Atentado com explosivos ao Posto da GNR de Alcacer do Sal.
. Finais de 1981 - Novo atentado com explosivos a postos da GNR desta vez envolvendo a zona da Serra da Estrela no Fundao e na Covilha.

1982

. Janeiro - Atentado novamente com explosivos a mais um Posto da GNR e mais uma vez no Cacem depois de em Maio de 1980  a mesma localidade ter sido vitima de dois assaltos a bancos e numa das quais curiosamente por coincidencia viria a ser morto um Soldado da GNR (Henrique Hipolito) que confrontara membros da organizacao.
. Janeiro - Atentado com explosivos a residencia de um Industrial mais uma vez no Cacem; segundo ataque na mesma localidade em menos de um mes.
. Janeiro - Assalto a uma carrinha de transporte de valores.
. Abril -  Atentados com explosivos sobre o automovel e a residencia de dois administradores da Empresa SAPEC.
. Junho - Disparos sobre a viatura onde se deslocavam dirigentes da Cooperativa "Boa Hora".
. Agosto - Atentados com explosivos colocados numa viatura, em Montemor-o-Novo.
. Outubro - Assalto a um Banco em Pataias.
. Outubro - Assalto a um Banco em Cruz da Legua.
. Outubro - Assalto a uma Empresa de Vila Nova de Gaia.
. Dezembro - Um Militante da organizacao consegue evadir-se da Cadeia de Pinheiro da Cruz, em Grandola.
. Dezembro - Dia 6 de Dezembro atentado mortal a vitimar o Administrador da Fabrica de Loucas de Sacavem, Diamantino Monteiro Pereira, na localidade de Almada; a organizacao justificou a accao como uma resposta aos graves conflitos laborais e despedimentos verificados na Empresa.

1983

. Janeiro - Elementos do grupo libertam da prisao um Militante das FP-25, em Coimbra.
. Fevereiro - Assalto a um Banco em Espinho.
. Fevereiro - Assalto a um Banco no Carregado.
. Abril - Assalto a um Banco no Tramagal.
. Junho - Assalto a uma Empresa.
. Agosto - Assalto a um Banco em Matosinhos.
. Setembro - Assalto a uma Empresa, em Pereiro.
. Novembro - Atentado com explosivos ao Posto da GNR em Leiria.
. Novembro - Atentado com explosivos visando um Administrador da Empresa Cometna.
. Novembro - Atentados com explosivos em residencias de empresarios na margem Sul do Tejo mais exactamente nas localidades da Cruz de Pau e Seixal.
. Novembro - Dia 30 de Novembro assalto verificado para a obtencao de verbas resultantes dos salarios da Rodoviaria de Almada e que culminou com o ferimento do Funcionario da Empresa Manuel Amaro de Carvalho mais uma vez no espaco de dias e no mesmo mes um novo atentado na margem Sul do Tejo.
. Dezembro - Um mes depois o terror volta a zona de Leiria e Caldas da Rainha novamente com explosivos desta vez a instalacoes bancarias.
. Dezembro - De novo na margem Sul do Tejo e desta vez em Setubal com o rebentamento de engenhos explosivos com difusao dos panfletos.

1984

. Janeiro - Assalto a um Banco em Canecas.
. Janeiro - Atentado com explosivos visando administradores das empresa Entreposto, Tecnosado e Tecnitool.
. Janeiro - Atentado a tiro contra a residencia do Administrador da Empresa Ivima, na Marinha Grande.
. Janeiro - Assalto a uma viatura de transporte de valores na Marinha Grande que resulta em ferimentos graves (tetraplegia num dos casos) em dois dos seus ocupantes.
. Fevereiro - Atentados com explosivos visando empresarios na Covilha e Castelo Branco.
. Fevereiro - Assalto a uma carrinha de transporte de valores que resulta no roubo de 108.000 contos, em Lisboa.
. Abril - Atentados com explosivos em Evora.
. Abril - Atentado com explosivos na residencia de um Agricultor em Sao Mancos, Alentejo; os efeitos causados pela explosao provocam a morte de uma crianca recem nascida de 4 meses de idade (Nuno Dionisio).
. Maio - Sabotagem da Estrada Nacional nº 1 atraves do lancamento de pregos na via.
. Maio - Atentado que viria a vitimar mortalmente o Administrador da Empresa Gelmar, Rogerio Canha e Sa, em Santo Antonio de Cavaleiros; a mesma accao e justificada pela organizacao como resposta aos sucessivos despedimentos e falencias registados nao so na Gelmar como em outras unidades fabris onde o referido Administrador havia exercido funcoes.
. Junho - Atentado a tiro, causando ferimentos graves, contra o Administrador Arnaldo Freitas de Oliveira, da Empresa Manuel Pereira Roldao, em Benfica, a accao foi justificada pela organizacao, afirmando que a mesma accao deveria resultar na morte do referido Administrador, como punicao pelas alegadas irregularidades e despedimentos verificados na referida Empresa.
. Junho - Comeca o principio do fim da referida organizacao FP-25 com inicio da Operacao Policial "Orion" destinada a desmantelar a organizacao e da qual resulta a detencao de cerca de quarenta pessoas a maior parte das quais militantes e dirigentes da Frente de Unidade Popular.
. Agosto - Atentado frustrado com explosivos numa Serracao de Proenca-a-Nova resultando em ferimentos graves justamente no Elemento da organizacao que os preparava para colocar.
. Setembro - Disparos sobre o Posto da GNR de Barcelos na sequencia de uma carga desta forca policial sobre populares que se manifestavam contra a poluicao emitida por uma Fabrica de barros contigua.
. Setembro - Disparos nas pernas do Proprietario da Empresa Ceramica Modelar, Antonio Liquito, em Barcelos; a organizacao viria a justificar a accao como punicao pela recusa do Empresario em regularizar uma situacao de emissao de residuos que afectava a populacao local.
. Setembro - Atentado com explosivos na residencia de um Agrario, no Alentejo.
. Setembro - Atentados com explosivos em residencias de agrarios em Montemor-o-Novo.
. Setembro - Atentado com explosivos na Penitenciaria de Coimbra.

1985

. Janeiro - Ataque falhado com granadas de morteiro contra a navios da NATO ancorado no Rio Tejo, em Lisboa.
. Marco - Atentado mortal sobre o Empresario da Marinha Grande, Alexandre Souto, levado a cabo no recinto da Feira Internacional de Lisboa; a organizacao justifica a accao como resposta a morte de um Sindicalista da Marinha Grande que alegadamente haveria sido morto pelo proprio Empresario na sequencia de uma disputa pessoal.
. Abril - Na sequencia de uma operacao da Policia Judiciaria perto da Maia, sao detidos tres operacionais da organizacao e ainda um quarto (Luis Amado) e morto a tiro.
. Julho - Dia 19 de Julho no que parece ser um acerto de conta a organizacao parece realizar uma vinganca contra um dos "arrependidos" da organizacao (Jose Barradas) realizando sobre o mesmo um atentado que viria a ser mortal, na Costa da Caparica, Almada.
. Setembro - Fuga do Estabelecimento Prisional de Lisboa de um grupo de presos da organizacao.

1986

. Fevereiro - Atentado mortal sobre o Director-geral dos Servicos Prisionais, Gaspar Castelo Branco, em Lisboa; a accao e justificada pela organizacao como uma resposta as duras condicoes de detencao dos seus militantes e a alegada intransigencia dos Servicos Prisionais na pessoa do seu Director-geral.
. Abril - Disparos sobre a Esquadra da PSP em Olivais em retaliacao pelos alegados maus tratos ai sofridos por um Elemento da organizacao aquando da sua detencao; desta accao resulta um ferido ligeiro.
. Setembro - Atentado com explosivos a um Empreendimento turistico no Algarve; esta accao e reivindicada pela ORA (Organizacao Revolucionaria Armada) um grupo formado por dissidentes das Forcas Populares 25 de Abril.

1987

. Agosto - Morte do Agente da Policia Judiciaria Alvaro Militao durante a dentencao de elementos da organizacao, em Lisboa.

1992

. Meados - Detencao dos ultimos militantes ainda clandestinos.

1996

. Inicio - E aprovada na Assembleia da Republica e promulgada por Mario Soares entao ainda Presidente da Republica quase em final de mandato, uma amnistia relativa ao caso FUP-FP-25, amnistia essa que exclui os chamados "crimes de sangue".

Embora se reconheca que o mesmo movimento terrorista tenha agido apenas ate 1987 data do ultimo atentado e declarada extinta desde entao no meu entender a mesma viu-se completamente extinta nao a partir da data do ultimo atentado terrorista mas apenas e apos a dentencao dos ultimos militantes ainda clandestinos e isso viria a acontecer apenas em meados de 1992 praticamente cinco anos depois do ultimo atentado.

Se nao fossem os ataques a embaixadas, empresas, postos de PSP e GNR alem de esquadras penso que o grupo FP-25 de Abril mais facilmente se poderia comparar a uma quadrilha de assaltar bancos e carrinhas de transportes de valores do que verdadeiramente considerar-se a um grupo terrorista, apesar de se entender a principal razao dos mesmos assaltos sem apoios financeiros de parte alguma em algum lado se tinha que ir buscar o dinheiro. Algo que tambem noto e que o mesmo grupo nao se expandiu por ai alem apesar de terem praticado assaltos e atentados de Norte a Sul nao sairam de Portugal Continental nem mesmo os arquipelagos das ilhas da Madeira e Acores foram atingidos.

As FP-25 de Abril tambem penso que na verdade nunca estiveram bem dirigidas de ver que em certas alturas as unicas vitimas dos atentados chegaram a ser os proprios terroristas ao manusear ou a instalar os engenhos explosivos com que realizavam habitualmente os mesmos atentados. Creio tambem que logo apos a Operacao Policial "Orion" comecou a queda da organizacao de notar que dois anos depois da mesma operacao policial o mesmo grupo apenas realizou 3 atentados em 1987 muito mais do que isso chegou o mesmo grupo a realizar num mes em anos anteriores.

A figura de Otelo Saraiva de Carvalho no caso nao me supreende a mim e possivelmente a muitos outros sendo ele um Militar e Politico o que nao deixa de ser notavel e ele ser considerado o mentor do golpe revolucionario de 25 de Abril de 1974 que fez cair o regime de ditadura em que Portugal vivia ja a decadas e depois envolve-se com grupos terroristas que ao que parece queriam tornar Portugal um pais profundamente afectado pelo medo e terrorismo.

Com a graca de Deus Portugal pode-se dizer que viveu 7 anos de terror, medo e incerteza mas nao passou dai foi quase uma decada de terror mas bem pior e o que se passa na Irlanda e Reino Unido com o IRA e em Espanha e Franca com a ETA. Em Portugal por essa mesma razao acho que o terrorismo mesmo quando foi praticado nunca chegou a pontos tao extremos talvez por isso se possa considerar que os terroristas das FP-25 de Abril ou nao estavam tao bem preparados ou nao eram tao radicais e extremistas.

Como ultima nota de referencia nao podia deixar de fazer notar o seguinte. Actualmente em Portugal a violencia em situacoes parecidas esta sempre associada a grupos de Skinheads como os Hammerskins mais conhecidos em Portugal com Skin heads ou cabeca rapada e a extrema-direita politica e no fim o unico grupo terrorista portugues politicamente estava numa ideologia completamente oposta e sempre associado com o comunismo e a extrema-esquerda.

Caro(a) leitor(a) foi um prazer escrever esta cronica apresentar-lhe este periodo e momento que Portugal viveu ou talvez ate faze-lo lembrar do mesmo periodo dificil. Espero que nova geracao jamais passe por algo semelhante eu proprio vivim a minha infancia durante o mesmo periodo e nao me recordo de quase nada so os momentos finais ate 1987 em 1992 ja tinha nocao das coisas e em 1996 estava em pleno inicio de idade adulta tambem acrescento como e habitual sempre que isso acontece que a etiqueta Casos Insolitos teve que ficar sem ser aqui registada por falta de espaco na mesma area devido ao espaco da lista ser limitado.

                                                                                                          Manuel Goncalves







































                                              




Sem comentários:

Enviar um comentário