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domingo, 11 de maio de 2014

Os Dois Vencedores do Premio Nobel Portugueses



Embora seja de facto uma verdade inegavel que mais dois vencedores do Premio Nobel tenham nascido de facto fora de Portugal mas em territorio que na altura era portugues ate a sua independencia em 28 de Novembro de 1975 e seguidamente invasao por parte da Indonesia ate ao fim da ocupacao em 20 de Maio de 2002 a verdade e que Carlos Filipe Ximenes Belo nascido a 3 de Fevereiro de 1948 em Timor Leste e Jose Manuel Ramos-Horta nascido em 1949 ambos como se sabe quando o mesmo territorio era dependente de Portugal quando chegou a altura de ambos serem nomeados e vencedores do Premio Nobel da Paz em 1996 ja haviam sido eleitos um ano antes mas para surpresa de todos nao sairam vencedores tendo em 1995 os vencedores sido Joseph Rotblat e Conferencias Pugwash sobre Ciencia e Negocios Mundiais saido vencedores.

A verdade e que como seria de esperar em 1996 como seria de esperar o Comite elegeu Ximenes Belo e Ramos-Horta o 100° e o 101° vencedores do mesmo Premio Nobel ficando ambos na lista com a nacionalidade Leste-Timorense como ja se seria de esperar apesar de ocupado pela Indonesia o territorio de Timor leste estava independente de Portugal desde de 1975.

Com tudo isto pode mesmo dizer-se entao que ate ao momento os unicos vencedores portugueses de um Premio Nobel foram Egas Moniz em 1949 que venceu o Nobel da Medicina tambem chamado de Nobel da Fisiologia em 1949 tendo sido ja nomeado mas nao vencido em 1928, 1933, 1937, 1944 so em 1949 Egas Moniz venceu o Premio Nobel depois de quatro nomeacoes sem sair vitorioso a quinta foi de vez. O outro nomeado Portugues a vencer um Premio Nobel foi o bem conhecido sobretudo dos amantes da literatura portuguesa Jose Saramago que marcou o seu estilo de escrever como sendo um estilo muito proprio e talvez ate um estilo muito uniico ou seja apenas  seu, Saramago muitas vezes considerado nao um bom ou grande Escritor mas um Escritor bastante polemico recebeu o Premio Nobel da Literatura ja mais recentemente em 1998 depois de uma vida dedicada a escrita, aos livros e a literatura viu o seu trabalho ser recompensado com o premio que julgo qualquer Escritor mais sonha vir um dia a ganhar Saramago soube que o ganhara em 07 de Dezembro de 1998.


Antonio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (Estarreja, Avanca, 29 de Novembro de 1874 - Lisboa, 13 de Dezembro de 1955) mais conhecido somente por Egas Moniz ou Professor Egas Moniz. Foi um Medico, Neurologista, Investigador, Professor, Politico e Escritor portugues.

Foi galardoado com o Nobel da Fisiologia ou Medicina de 1949, partilhado com Fisiologista suico Walter Rudolf  Hess.

Nascido Antonio Caetano de Abreu Freire de Resende no seio de uma familia aristocrata rural, a dos Viscondes de Bacar, seu tio e padrinho, o Padre, Caetano de Pina Resende Abreu e Sa Freire, insistira entao para que ao apelido (sobrenome) fosse adicionado Egas Moniz, em virtude de a familia de Resende descender em linha directa de Egas Moniz, o aio de Dom Afonso Henriques.

Completou a sua instrucao primaria na Escola do Padre Jose Ramos, em Pardilho, e o Curso Liceal no Colegio de S. Fiel, dos Jesuitas, em Lourical do Campo, no Concelho de Castelo Branco. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde comecou por ser lente substituto, lecionando anatomia e fisiologia. Depois em 1911 viu-se transferido para a recem-criada Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa onde foi ocupar a catedra de neurologia como Professor catedratico. Reformou-se em 1944.

Em 1950 e fundado, no hospital Julio de Matos, o Centro de Estudos Egas Moniz, do qual foi presidente na altura. O Centro de Estudos e, em 1957 transferido para o servico de Neurologia do Hospital de Santa Maria onde existe ainda hoje compreendendo entre outros, o Museu Egas Moniz (onde se pode encontrar uma restituicao do seu gabinete de trabalho com pecas originais, varios manuscritos, entre outros).

Egas Moniz contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade as arterias do cerebro. A Angiografia Cerebral, que descobriu apos longas experiencias com raios x, tornou possivel localizar neoplasias, aneurismas e hemorragias e outras mal-formacoes no cerebro humano e abriu novos caminho para a cirugia cerebral e neurocirugia.

As suas descobertas clinicas foram reconhecidas pelos grandes neurologistas da epoca, que admiravam a acuidade das suas analises e observacoes.

A 5 de Outubro de 1928 foi agraciado com a Gra-Cruz da Ordem Benemerencia e a 3 de Marco de 1945 com a Gra-Cruz da Ordem Militar de Sant'lago da Espada.

Como investigador, Egas Moniz, contando com a preciosa colaboracao de Pedro Almeida Lima, gizou duas tecnicas: a leucotomia pre-frontal e a angiografia cerebral.

Egas Moniz teve tambem um importante papel activo na vida politica. Foi fundador do Partido Republicano Centrista, dissidencia do Partido Evolucionista, apoiou o breve regime de Sidonio Pais, durante o qual exerceu as funcoes de Embaixador de Portugal em Madrid em 1917 e foi Ministro dos Negocios Estrangeiros em 1918, viu entretanto o seu partido fundir-se com o Partido Sidonista. Egas Moniz foi ainda um notavel Escritor e Autor de uma notavel obra literaria, de onde se destacaram as obras "A nossa casa" e "Confidencias d eum investigador cientifico". Faleceu em Lisboa, a 13 de Dezembro de 1955.

Antonio Egas Moniz foi proposto cinco vezes  (1928, 1933, 1937, 1944 e 1949) ao Nobel da Fisiologia ou Medicina, sendo galardoado apenas em 1949. A primeira delas acontece alguns meses depois de ter publicado o seu primeiro artigo sobre a encefalografica arterial e, subsequentemente, ter feito, no hospital de Necker, em Paris, uma demostracao da tecnica encefalografica. Este imediatismo nao era uma coisa absolutamente ridicula pois, na verdade, <<a vontade de Alfred Nobel era precisamente a de galardoar trabalhos desenvolvidos no ano anterior ao da atribuicao do Premio>>.

A tecnica desenvolvida por Egas Moniz, a operacao ao cerebro denominada lobotomia, apos forte controversia deixou de ser praticada na Decada de 1960. Familiares de pacientes que foram submetidos aquela intervencao cirugica exigiram que fosse anulada a atribuicao do Premio Nobel feita a Egas Moniz.

Egas Moniz foi para muitos um exemplo e seguidor  apesar da polemica a volta do seu trabalho acerca da lobotomia, em Portugal varios foram os investigadores portugueses que colaboraram com o mesmo e igaulmente de renome no campo da ciencia e mundo da medicina e outros que seguiram os seus passos, tais foram, Abel Alves, Abel Cancela de Abreu, Acacio Cruz e Silva, Aleu Saldanha, Amandio Pinto, Antonio Carvalho, Antonio Martins, Arnaldo Dias, Baronha Fernandes, Cancela de Abreu, Carlos Vidal, Carneiro Pacheco, Diogo Furtado, Ernesto de Carvalho Gomes Machado, Eduardo Coelho, Fausto Lopo de Carvalho, Fernando de Almeida, Jose Candido Oliveira, Joao Lobo Antunes, Joaquim Imaginario, Jose Rocheta, Lidia Manso Preto, Luis Pacheco, Pedro Almeida Lima, Romao Loff, Rui Lacerda e Vitor Lacerda.

Varias tambem foram as publicacoes acerca das suas investigacoes que foi publicando ao longo da sua carreira e por todo o mundo em livros ou documentos tornados artigos de revistas cientificas e tambem documentos e livros sobre assuntos politicos e outros temas, tais como os da seguinte lista:

. 1900 - Alteracao anatomo-patologicas na difteria, Coimbra.
. 1901 - A vida sexual (fisiologia e patologia), 19 edicoes, Coimbra.
. 1917 - A neurologia na guerra, Lisboa.
. 1920 - Um ano de politica, Lisboa.
. 1924 - Julio Dinis e a sua obra, 6 edicoes, Lisboa.
. 1925 - O Padre Faria na historia do hipnotismo, Lisboa.
. 1931 - Diagnostic des tumeurs cerebrales et epreuve de l'encephalographie arterielle, Paris.
. 1934 - L'angiographie cerebrales, ses applications et resultats en anatomic, physiologie te clinique, Paris.
. 1936 - Tentatives operatoires dans le traitement de certaines psychoses, Paris.
. 1937 - La leucotomie prefrontale. Traitement chirugical de certaines psychoses, Turim.
. 1938 - Clinica dell'angiografia cerebrale, Turim .
. 1940 - Die cerebrale Arteriographie und Phlebographie, Berlin.
. 1940 - Ao lado da medicina, Lisboa.
. 1941 - Trombosis y otras obstrucciones de las carotidas, Barcelona.
. 1942 - Historia das cartas de jogar, Lisboa.
. 1948 - Como cheguei a realizar a leucotomia pre-frontal, Lisboa.
. 1949 - Die Prafrontale leukotomie, Archiv fur Psychiatre und Nervenkrankheiten.
                   

Jose de Sousa Saramago (Golega, Azinhaga, 16 de Novembro de 1922 - Tias, Lanzarote, 18 de Junho de 2010) foi um Escritor, Argumentista, Teatrologo, Ensaista, Jornalista, Dramaturgo, Contista, Romancista e Poeta portugues.

Foi galardoado com o Nobel da literatura de 1998. Tambem ganhou, em 1995, o Premio Camoes, o mais importante premio literario da lingua portuguesa. Saramago foi considerado o responsavel pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em lingua portuguesa. A 24 de Agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar Sant'lago da Espada e a 3 de Dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma ordem.

O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lancado em 2008, produzido no Japao, Brasil, Uruguai e Canada, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador portugues Antonio Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria a dar nome ao filme Embargo, uma producao portuguesa em co-producao com Brasil e Espanha.

Nasceu no Distrito de Santarem, na provincia geografica do Ribatejo, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateismo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Portugues e foi director-adjunto do Diario de Noticias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhaes, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura  (FNDC). Casado, em segundas nupcias, com a espanhola Pilar del Rio, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, no arquipelago espanhol das Ilhas Canarias.

No dia 29 de Novembro de 2007constitui a Fundacao Jose Saramago para a defesa e difusao da Declaracao Universal dos Direitos Humanos e problemas do meio ambiente. Em 2012 a Fundacao Jose Saramago abre as portas ao publico na Casa dos Bicos em Lisboa, presidida pela outrora esposa agora viuva Pilar del Rio.

Jose Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golega, de uma familia de pais e avos agricultores. A sua vida e passada grande parte em Lisboa, para onde a familia se muda em 1924 quando o mesmo era um menino de apenas dois anos de idade. Dificuldades economicas impedem-no de entrar na universidade. Demostra desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que esta curiosidade perante o mundo o acompanhou ate a morte. Formou-se numa escola tecnica. O seu primeiro emprego foi de serralheiro mecanico. Fascinado pelos livros, visitava, a noite, com grande frequencia a Biblioteca Municipal Central - Palacio Galveias. 

Aos 25 anos, publica o seu primeiro romance Terra do Pecado (1947), no mesmo ano do nascimento da sua filha, Violante, fruto do seu primeiro casamento com Ildia Reis, com quem se casou em 1944 e com quem permaneceu ate 1970, Nessa epoca, Saramago era funcionario publico. Viveu entre 1970 e 1986 com a Escritora Isabel da Nobrega. Em 1988 casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola Maria Pilar del Rio Sanchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu ate a morte. Em 1955 e para aumentar os rendimentos, comecou a fazer traducoes de Hegel, Tolstoi e Baudelaire, entre outros.

Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Claraboia, que, depois de rejeitado permaneceu inedito ate 2011. Persiste, contudo, nos esforcos literarios e, dezanove anos depois, funcionario, entao, da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lancando Os Poemas Possiveis. Num espaco de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). E quando troca tambem de emprego, abandonando a Editorial Estudos de Cor para ir trabalhar no Diario de Noticias (DN) e, depois, no Diario de Lisboa. Em 1975, retorna ao DN com a funcao de Director-Adjunto, onde permanece por apenas dez meses, ate 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portgueses intervem na publicacao (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolucao dos Cravos) demitindo varios funcionarios. Despedido, Saramago resolve dedicar-se apenas a literatura, substituindo de vez o jornalismo pelo ficcionista.

Da experiencia vivida nos jornais, restaram quatro cronicas: Deste Mundo e do Outro (1971), A Bagagem do Viajante (1973), As Opnioes que o DL Teve (1974) e Os Apontamentos (1976). Mas nao sao as cronicas nem os contos, nem o teatro os verdadeiros responsaveis por fazer de Saramago um dos autores de maior destaque. Esta missao esta reservada para os seus romances, genero que retorna em 1977.

Tres decadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas porem ainda nao foi ai que o Autor definiu o seu estilo tao proprio. As marcas caracteristicas do estilo "saramaguiano" so apareceriam mais tarde com Levantado do Chao (1980), livro no qual o Autor retrata a vida de privacoes da populacao pobre do alentejo.

Dois anos depois de Levantado do Chao, surge o romance Memorial do Convento, livro que conquista definitivamente a atencao de leitores e criticos. Nele, Saramago misturou factos reais com personagens inventadas: O rei D. Joao V e Bartolomeu de Gusmao, com a misteriosa Blimunda e o operario Baltazar, por exemplo. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e construtor da historia servem de metafora a medida da luta de classes marxista. A critica brutal a uma igreja ao servico dos opressores inicia a exposicao de uma tentativa de destruicao do fenomeno religioso como devaneio humano construtor de guerras.

De 1980 a 1991, o Escritor trouxe ao publico mais quatro romances que remetem a factos da realidade material, problematizando a interpretacao da "historia" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), sobre as andancas do heteronimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986), em que se questiona o papel iberico na entao CEE atraves da metafora da Penisula Iberica soltando-se da Europa e encontrando o seu lugar na velha Europa e a nova America; Historia do Cerco de Lisboa (1989), onde um revisor e tentado a introduzir um "nao" no texto historico que corrige, mudando-lhe o proprio sentido; O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), Onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a optica de um Cristo que nao e Deus e que por sua vez se revolta contra ao seu destino e onde, a fundo, questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte.

Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando inicio a uma nova fase em que os enredos nao se desenrolam mais em locais ou epocas determinados e personagens dos anais da historia se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio Sobre a Lucidez (2004); e As Interminencias da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporenea, chegando mesmo a questionar a sociedade capitalista e o papel da existencia humana condenada a morte.

A partida para Lanzarote conta mais sobre o Escritor do que deixa transparecer a justificativa corrente (a medida censoria portuguesa). Com o gesto de afastamento rumo a ilha mais oriental das Canarias, Saramago nao apenas protesta ante o cerceamento, como finca raizes num local de geografia inospita (trata-se de uma ilha vulcanica, com pouca vegetacao e nenhuma fonte de agua potavel). A decisao tem um caracter revelador, tanto mais se levar-se em conta que, neste caso, "mais oriental" significa dizer mais proximo de Portugal e do continente europeu.

Mesmo em dias hegemonia do pensamento pro-mercado, Saramago guardava um olhar abrigado numa ilha europeia mais proxima da Africa que do velho centro da civilizacao capitalista. Sempre atento as injusticas da era moderna, vigilante das mais diversas causas sociais, Saramago nao se cansava de investir, usando a arma que lhe coube usar, a palavra. "Aqui na terra a fome continua, / A miseria, o luto, e outra vez a fome" . Diz o eu lirico do poema saramaguiano "Fala do Velho do Restelo ao Astronauta" (do livro Os Poemas Possiveis, editado em 1966).

Saramago faleceu no dia 18 de Junho de 2010, aos 87 anos de idade, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio, vitima de leucemia cronica. O Escritor estava doente havia algum tempo e o seu estado de saude agravou-se na sua ultima semana de vida. O seu funeral teve Honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemiterio do Alto de Sao Joao, em Lisboa. As cinzas do Escritor foram depositadas aos pes de uma oliveira, em Lisboa em 18 de junho de 2011.

Jose Saramago trouxe consigo para as suas obras um estilo que o deixou conhecido por utilizar um diferente estilo oral, coevo dos contos de tradicao oral populares em que a vivacidade da comunicacao e bem mais importante do que a correccao ortografica de uma linguagem escrita. Todas as caracteristicas de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratoria, na dialectica, na retorica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estao presentes. Assim utiliza frases e periodos compridos, usando a pontuacao de uma maneira nao convencional, os dialogos das personagens sao inseridos nos prorpios paragrafos que os antecedem, pelo que desta forma nao existem travessoes nos seus livros. Este tipo de marcacao das falas propicia uma forte sensacao de fluxo de consciencia, a ponto do leitor chegar a confundir-se um certo dialogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. oracoes) ocupam mais de uma pagina, usando virgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus paragrafos ocupariam capitulos inteiros de outros autores.

Estas caracteristicas tornam o estilo de Saramago unico na literatura contemporanea, sendo considerado por muitos criticos um Mestre no tratamento da lingua portuguesa. Em 2003, o critico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred  Exemplary Creative Minds ("Genio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas", traducao livre), considerou Jose Saramago "o mais talentoso romancista vivo (consideracao feita obviamente antes do falecimento do Escritor em 2010)nos dias de hoje, referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que saramago e "um dos ultimos titas de um genio literario que se esta a desvanecer".

Como se sabe Saramago ao longo da vida recebeu enorme elogios por parte do publico e dos criticos mas tambem recebeu muitas criticas nao chegou ao ponto de Ahmed  Salman Rushdie mas as suas obras algumas chegaram a provocar uma certa polemica sobretudo da forma como ele chegou a criticar a Religiao reuniu uma enorme legiao de fans nao so em Portugal mas mundo fora sobretudo em paises de expressao portuguesa e america latina mas reuniu certamente tambem muitos criticos que o faziam de forma negativa, penso que Saramago foi um Escritor que colheu elogios e criticas chegando quase ao ponto de ser odiado por muitos. Em resumo a carreira de Saramago foi acompanhada de diversas polemicas. As suas opnioes pessoais sobre Religiao e que nunca temeu ou deixou de expressar ou sobre  a luta internacional contra o terrorismo sao ainda hoje muito discutidas e algumas resultam mesmo em acusacoes de diversos quadrantes.

Na politica e apos a famosa revolucao dos cravos, no dia 9 de Novembro de 1974, Jose Saramago ingressa na direccao do Diario de Noticias como adjunto do director Luis de Barros. Desde logo tornou claro que pretendia utilizar o posto lhe havia sido concedido como ferramenta politica no intuito de tornar Portugal um estado socialista: "O DN vai ver o instrumento, nas maos do povo portugues, para a construcao do socialismo".

Com a nacionalizacao do mesmo jornal, apos o 11 de Marco de 1975, o jornal remodelou a sua direccao. Saramago manteve o seu cargo, mas para efeitos praticos, as suas funcoes assemelhavam-se mais ao cargo de director do que de director-adjunto. Entre Abril e Novembro do mesmo ano, redigiu cerca de 95 textos na primeira pagina sob o titulo de "Apontamentos", que acabaram por funcionar como editoriais do jornal. Nestes textos era possivel denotar fortes criticas a Mario Soares, Freitas do Amaral, entre outros, e rasgados elogios a dirigentes conotados com o ideario comunista dos quais se destacavam Vasco Goncalves.

Estes mesmos textos nao eram assinados, e por uma so vez surge a assinatura de Jose Saramago junto com a de Luis de Barros, nas paginas do DN num texto intitulado "Uma Direccao Nova" e publicado a 11 de Abril: "O DN e importante demais para que os seus trabalhadores aceitem ve-lo transformar-se em um feudo de alguem. Esta casa precisa de todos e sera obra de todos". Contrariando estas palavras, mais de duas dezenas de jornalistas serao despedidos, 22 no total, a 27 de Agosto por delito de opniao. "Informacao revolucionaria nao se faz com jornalistas contra-revolucionarios. Por isso, os que o eram foram afastados", explicara o DN, a 4 de Setembro, em prosa nao assinada.

Entre os varios textos que escreveu, nunca escondeu que acreditava na instauracao de um regime socialista recorrendo a forca das armas. Sao dele as afirmacoes: "Ou esta revolucao se suicida  (...) ou se recupera pela unica via que lhe deixam aqueles que a querem liquidar", "a violencia revolucionaria e uma legitima defesa quando esta em causa a vida e o futro de um povo inteiro" e "O regresso aos quarteis, que  alguns teimam em preconizar, nada resolvaria as Forcas Armadas, tendo sido o MFA no seu sector progressista, nao podem recuperar neutralidades utopicas: mais vale, portanto, que, mesmo em conflito, continuem, no primeiro plano da accao politica. Mas cuidado, o tempo naa espera". Estas afirmacoes consistiam num apelo implicito ao golpe militar, que poderia vir a mergulhar o pais numa guerra civil (tal como actualmente vemos a Ucrania) como preco a pagar para que se continuasse a ser o proprio povo a determinar os destinos do pais. De facto, no dia seguinte a publicacao destas afirmacoes, 25 de Novembro de 1975, sectores da entao esquerda radical levam a cabo uma tentativa de colpe de estado falhada, assinalando tambem o fim da influencia de Saramago no DN.

Um caso que tem tido alguma repercussao relacionou-se com a posicao critica do Autor em relacao a posicao de Israel no conflito contra os palestinianos. A 13 de Outubro 2003, numa visita a Sao Paulo, em entrevista ao jornal, O Globo, afirmou que os judeus nao merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto... Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles nao aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avos. A Anti-Defamation League (ADL) (Liga Anti-Difamacao), um grupo judaico de defesa dos direitos civis, caracterizou este comentario como sendo anti-semitas. Segundo as palavras de Abraham Foxman, director da ADL "Os comentarios de Jose Saramago sao incendiarios, profundamente ofensivos e mostram uma ignorancia destes assuntos, o que sugere um preconceito contra os judeus".

O caso virou polemica e nao ficou por uma simples troca de palavras e acusacoes do Escritor portugues e o grupo judaico de defesa dos direitos civis. Em defesa de Saramago, diversos autores afirmaram e ainda hoje afirmam que ele nao se insurgiu contra os judeus, mas contra a politica de Israel, como, por exemplo, num artigo publicado a 3 de Maio de 2002 no jornal Publico, onde, comparando o actual conflito com a cena biblica de Davi e Golias, representando Israel, "se tornou num novo Golias" e que aquele "lirico Davi que cantava loas a Betsabe, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lanca a "Poetica" mensagem de que primeiro e necessario esmagar os palestinianos para depois negociar com o que deles restar".

Outra das suas polemicas declaracoes envolveu o seu pensamento de achar que Portugal bem e benefica a integracao de Portugal numa federacao iberica. Em entrevista ao jornal Diario de Noticias em 15 de Julho de 2007, Saramago afirmou que a integracao entre Espanha e Portugal e uma forte probabilidade e que os portugueses so teriam a ganhar se Portugal fosse intergrado na Espanha, pais no qual se auto-exilou (na ilha de Lanzarote) e que viu como seu a atribuicao do Nobel da Literatura (aqui creio que sao de lamentar as declaracoes de Jose Saramago e penso que o mesmo as fez mesmo num daqueles momentos de infelicidade total. So faltou mesmo acresentar que a Restauracao da Independencia ocorrida a 1 de Dezembro de 1640 e que terminou de vez com o dominio espanhol em Portugal e deu fim ao Governo da dinastia filipina em Portugal um enorme erro para Portugal. Pergunto-me tambem se Saramago via a integracao de Portugal na Espanha como algo de tao bom e benefico para Portugal porque ele como portugues defensor do mesmo ideal nao foi o primeiro a dar o exemplo integrando-se ele como portugues no meio dos espanhois optando pela nacionalidade espanhola).

Em Setembro de 1997, a agencia publicitaria sueca, Jerry Bergstrom AB, de Estocolmo, contratada pelo ICEP (orgao estatal portugues para a promocao do comercio e turismo nacional), organizou uma visita de Jose Saramago a Estocolmo, incluindo um seminario na Hedengrens, a principal cadeia de livrarias sueca, um discurso na Universidade de Estocolmo e varias entrevistas a jornais, revistas e radios suecas. Nesses mesmos dias, a televisao estatal sueca produziu um programa especial dedicado ao Escritor portugues e futuro Premio Nobel da Literatura, Saramago seria ainda o segundo portugues a ganhar um Premio Nobel, depois de Egas Moniz ter ganho o Premio Nobel da Fisiologia e Medicina em 1949.

Em Outubro do mesmo ano, a Feira Internacional do Livro de Frankfurt tem neste ano Portugal como pais em destaque (talvez em parte por Portugal ter tido a honra do mesmo ano 1998 ter tido a honra de organizar em Lisboa a celebre Expo 98), estando Jose Saramago neste local, em 8 de Outubro de 1998, quando recebe a informacao de ter ganho o premio, que, em 7 de Dezembro de 1998, Saramago recebe em Estocolmo.

Segundo o Diario de Noticias, o director da empresa sueca Jerry Bergstrom AB afirmou: "Portugal nunca tinha tido um Premio Nobel da Literatura e uma parte da nossa missao consistia em mudar essa situacao".

Comentando esta atribuicao, Sture Allen, entao secretario da Academia Sueca, negou que a decisao tenha sido afectada por "campanhas publicitarias, comentarios de academicos ou escritores, ou qualquer outro tipo de pressao".

Contradizendo Allen, Knut Ahnlund e Lars Gyllensten, membros da academia afirmaram que seria ridiculo afirmar que os membros da academia sejam "imunes a agencias publicitarias". Ahnlund foi critico da atribuicao do Premio Nobel a Saramago, segundo ele foi o culminar de uma campanha profissional de relacoes publicas.

Saramago e a Religiao ou a Religiao e Saramago mantiveram sempre um relacao de costas viradas rodeada de criticas por ambas as partes, Saramago nunca deixou de transmitir o que sentia em relacao a igreja, a Religiao e ate mesmo a um Deus no qual ele jamais acreditou, Saramago era um ateu assumido e nunca deixou esconder o seu ateismo. Podera ser essa uma das principais razoes que o levaram a ser um Escritor polemico e uma pessoa odiada por muitos talvez dentro do seio da propria Igreja Catolica.

Saramago encontrou sempre fortes criticas e oposicoes na Igreja Catolica, facto pelo qual ele se refere a esta como "fascista" com frequencia. Alguns protestantes (ou evangelicos) ja declararam publicamente apoiar a liberdade de expressao do autor. E essa relacao de tensao com a Igreja Catolica e agravada devido a origem portuguesa de Saramago, local onde o catolicismo e muito forte e discuti-lo ainda e um tema tabu, muito menos por em duvida seja o que for relacionado com o mesmo.

Devido a sua origem portuguesa e a toda influencia cultural exercida pelo catolicismoem tal contexto, Saramago sente a necessidade de abordar a Biblia no seu trabalho de Escritor -  esse texto faz parte do seu patrimonio cultural, ao contrario do Alcorao, que Saramago entende nao ser sua tarefa aborda-lo.

A interpretacao que Saramago faz da biblia e a que ela e um "manual de maus costumes" cheio de "um catalogo de crueldade e do pior da natureza humana", e para que uma pessoa comum a decifrar, precisaria de ter "um teologo ao lado". E cita para sustentar isso os episodios de violencia relatados na Biblia, como o sacrificio de Isaque, a destruicao de Sodoma ou a vida de Jo, como exemplo. Para Saramago, todos eles revelam que "Deus nao e de fiar". E Saramago diz, sobre a necessidade ou nao da exegese, que tem que "interpretar a letra" do texto - um processo que, na interpretacao biblica, e chamado de literalista. E isso de modo algum impede que outra pessoa tenha a sua interpretacao, ou que ele tente impor a sua interpretacao como verdade como absoluta. Muito pelo contrario, ele ate mesmo estimula a leitura biblica: "Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: le a biblia e perde a fe!", diz Saramago.

Porem, Saramago nao deixa de reconhecer que a "Biblia tem coisas admiraveis do ponto de vista literario" e "muita coisa que vale a pena ler", estando, dentre elas, os salmos, com paginas "belissimas", o Cantico dos Cantigos, e a parabola do semeador contada por Jesus.

A relacao de tensao de Saramago com a Igreja Catolica se ja estava mal, piorou, cresceu fortemente apos a publicacao do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991, que foi adaptada para o teatro em 2001. O livro foi motivo de fortes criticas por parte de catolicos que se consideraram ofendidos pela leitura secular que Saramago faz a personagem de Jesus, talvez Saramago comecasse a ser visto para os catolicos como Salman Rushdie era visto para o mundo islamico e para a Religiao muculmana em particular ao ponto de o Lider do Irao Aiatola Ruhollah Khomeini condenar Rushdie a morte a 14 de Fevereiro de 1989 passando o escritor de origem indiana com nacionalidade britanica a passar a viver quase que exilado por varias partes do mundo e rodeado de secretismo. O mesmo nao aconteceu com Saramago sem duvida porque apesar de tudo a mente do catolicismo e uma mente mais aberta que a do Islamismo e as leis sao mais brandas assim como tambem faz com a justica o seja, alem disso tambem sao dois mundos diferentes.

Porem a Igreja Catolica nao gostou da atribuicao do Premio Nobel a Jose Saramago e publicou no Diario do Vaticano, L'Osservatore Romano: "Saramago e, ideologicamente, um comunista inveterado".

O lancamento do livro Caim (2009) voltou a suscitar "incompreesoes, resistencia, odios velhos", conforme Saramago. "Desperto muitos anticorpos em certas pessoas", acresenta, acusando mesmo varias vezes varios responsaveis da Igreja Catolica (mas nao protestantes ou judeus) de terem comentado o livro que ainda nao leram - de facto, as pessoas foram instadas a comentar as declaracoes sobre a Biblia, feitas por Saramago.

E, realmente, apos o lancamento de Caim, varias vozes catolicas se insurgiram contra Saramago. Ele foi acusado pelo Padre Jose Tolentino Mendonca director do Secretariado Nacional Pastoral da Cultura, de fazer uma leitura "ingenua, ideologica e manipuladora" da Biblia. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou que Jose Saramago "revela uma ingenuidade confrangedora quando faz incursoes biblicas" e, como "exigencia intelectual, deveria informar-se antes de escrever". Ja o director da Faculdade de Teologia da Universidade Catolica de Lisboa, Peter Stilwell, considera que "seria espantoso" que Jose Saramago encontrasse algo de divino na Biblia e sublinhou que o Escritor escolheu o fratricida Caim e nao Abel, a vitima.

O teologo Anselmo Borges inicialmente afirmou que Saramago fez uma leitura "completamente unilateral" da Biblia, que tem, como qualquer livro, de ser lida como um todo. Mais tarde o telologo declarou ter uma opniao formada sobre Caim: "Gostei do livro e ate digo que e importante". Da entao tres razoes principais para justificar a sua opniao: a "Biblia e um livro aberto; ha liberdade de interpretacao e obriga os crentes a reflectir". Para o biblista Fernando Ventura, Jose Saramago tinha a exigencia intelectual de se informar antes mesmo de escrever. O religioso capuchinho referiu que "a Biblia pode ser lida por alguem que nao tem fe, mas supoe alguma honestidade intelectual quando o le", e acusou Saramago de "uma falta gigantesca" dessa honestidade.

Sobre tais afirmacoes, Saramago, com sarcasmo, disse: "Dizem que li a Biblia com ingenuidade porque e necessario fazer uma interpretacao simbolica, ou seja, aquilo que ali esta escrito nao tem sentido por si. E levou mil anos a ser escrito!" Ainda sobre a alegacao de "ingenuidade", respondeu sem papas na lingua: "abencoada ingenuidade que me permitiu ler o que la esta e nao qualquer operacao de prestidigitacao, dessas em que a exegese e prodiga, forcando as palavras a dizerem apenas o que interessa a Igreja. Leio e falo sobre o que leio".

Essas criticas confirmam tambem a opniao de Saramago de que muitos que comentaram o livro ainda nao o leram - isso esta explicito no proprio teor das criticas.

E tambem por esses comentarios que o Escritor Jose Saramago em certa altura diz que os catolicos "nao leem a Biblia".

Devido aos acontecimentos, em uma conversa com o Teologo Catolico Jose Tolentino de Mendonca no final de Outubro de 2009, Saramago declarou: "A mim, o que me vale meu caro Tolentino, e que ja nao ha fogueiras em Sao Domingos".

O Papa Bento XVI, que em Abril de 2009 ja havia afirmado que "os estudiosos catolicos nao podem interpretar a Biblia de uma maneira independente, nem de um ponto de vista cientifico ou individual" apos o episodio ocorrido no lancamento de Caim voltou a afirmar publicamente que apenas a Igreja Catolica pode interpretar a Biblia.

Dias apos a morte de Saramago, o jornal oficial do Vaticano chamou o Escritor de "populista extremista" e "idologo anti religioso".

Na sua passagem por Roma em 14 de Outubro de 2009, Saramago chamou Joseph Alois Ratzinger, na altura conhecido como Papa Bento XVI, de "cinico", dizendo que a "insolencia reaccionaria" da Igreja Catolica precisa ser combatida com a "insolencia da inteligencia viva".

Dentre as suas principais declaracoes, estavam a que Ratzinger tenha a coragem de invocar a Deus para "reforcar o seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um cafe, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" dele. Disse tambem que "[a]s insolencias reaccionarias da Igreja Catolica precisam de ser combatidas com a insolencia da inteligencia viva, do bom senso, da palavra responsavel. Nao podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, so tem interesse no poder".

Saramago apos ter enfrentado fortes criticas com o lancamento do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991, mudou-se de Portugal para Espanha. Pouco depois, o lancamento de Caim em 2009 voltou a render-lhe novamente mais criticas severas.

O Eurodeputado Mario David, falando em nome pessoal e assumindo-se Catolico nao-praticante, disse ter vergonha de ser compatriota do escritor, e escreveu no seu blog da internet, tendo-o repetido depois aos meios de comunicacao, que Saramago deveria renunciar a nacionalidade portuguesa. Apesar de tais declaracoes o Escritor esclareceu que jamais pensou em abandonar a cidadania portuguesa.

Em defesa de Jose Saramago, a Eurodeputada e Professora de Literatura Portuguesa entre 1973 e 1986, assim como vice-presidente da Associacao Portuguesa de Escritores de 1984 a 1994 Edite Estrela, declarou que tais palavras de Mario David sao inquisitorias.

Ja Sousa Lara, sub-secretario de Estado adjunto da Cultura de Portugal em 1991, que vetou o livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo de uma lista de romances portugueses candidatos a um premio literario europeu, em Outubro de 2009 comparou Jose Saramago com o italiano Silvio Berlusconi (isso embora Berlusconi seja um Politico direitista italiano conhecido por sua fe catolica que ate ja foi responsavel pela publicacao de um livro de Saramago em Italia por ser uma obra de "anticatolica" , sendo que Saramago considerava que "O Estado de Berlusconi" era "Catolico e reaccionario"), sugerindo que ele deveria receber uma "punicao" (nao apenas divina) pelo o que foi escrito em Caim , declarando o que se segue:

"Este senhor atingiu, nao se percebe muito bem porque, um patamar de impunidade que a humanidade concede, tipo Berlusconi. Ha umas pessoas que podem dizer tudo, que podem fazer as coisas mais absurdas e as pessoas habituam-se a isso e nao levam a mal. So tenho pena que nao enxovalhe, da mesma forma que enxovalhe o patrimonio Catolico, por exemplo os muculmanos, porque esses nao perdoam e vergam-lhes pela pele. Ai e mais dificil insistir muito numa gracinha reiterada contra a Religiao Muculmana. Calculo que depois nao lhe corra bem o futuro depois".

O Poeta Manuel Alegre, sobre tais acontecimentos, declarou: "Isto e uma historia portuguesa cheia de preconceitos e fantasmas. Em primeiro lugar e preciso ler o livro de Jose Saramago. Ele e um grande escritor, mas parece que nao se perdoa a Saramago, ser um grande Escritor de lingua portuguesa, ser um Premio Nobel e nao ser um homem religioso". "Ele escreveu um livro, mas nao vejo ninguem discutir o livro. So vejo discutir as opnioes que com todo o direito ele expressou sobre a Biblia". Conforme questiona Alegre, "As pessoas podem nao estar de acordo com aquilo que ele diz, mas como e que se pode por em causa a seriedade de um homem que diz aquilo que pensa". Ele considera tais acontecimentos como "um preconceito" e "resquicios do dogmatismo". "Nao lhe podem negar o direito de escrever um livro e tambem nao se pode crucificar o Saramago por exprimir as suas opnioes e menos ainda por ser um grande escritor, e menos ainda por ser um Premio Nobel". Finalizando, disse que "ao Saramago nao se perdoa ser um portugues que se atreveu a ganhar o Premio Nobel da Literatura e diz que nao acredita em Deus".

Devido ao ocorrido, Saramago chegou ate mesmo a propor dois novos direitos a Declaracao Universal dos Direitos Humanos: o direito a dissidencia e a heresia.

Saramago e o que se pode chamar de ter sido um Escritor completo ou pelo menos diverso as suas obras publicadas estao como nao poderia deixar de ser dividas em romances mas o polemico Escritor tambem dedicou o seu tempo e talento de Escritor a outros tipos de escritura como poesia, viagens, pecas teatrais, contos, cronicas, diario e memorias e literatura infantil, assim se dividem as 36 obras que publicou entre 1947 com Terra do Pecado e 2011 com Claraboia, o seu unico livro postumo lancado pelos seus familiares cerca de um ano e tres meses apos a sua morte.

Obras Publicadas :

Romances:

. 1947 - Terra do Pecado.
. 1977 - Manual de Pintura e Caligrafia.
. 1980 - Levantado do Chao.
. 1982 - Memorial do Convento.
. 1984 - O Ano da Morte de Ricardo Reis.
. 1986 - A Jangada de Pedra.
. 1989 - Historia do Cerco de Lisboa.
. 1991 - O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
. 1995 - Ensaio sobre a cegueira.
. 1997 - Todos os Nomes.
. 2000 - A Caverna.
. 2002 - O Homem Duplicado.
. 2004 - Ensaio Sobre a Lucidez.
. 2005 - As Intermitencias da Morte.
. 2008 - A Viagem do Elefante.
. 2009 - Caim.
. 2011 - Claraboia.

Livros de Poesia:

. 1966 - Os Poemas Possiveis,
. 1970 - Provavelmente Alegria.
. 1975 - O Ano de 1993.

Cronicas:

. 1971 - Deste Mundo e do Outro.
. 1973 - A Bagagem do Viajante.
. 1974 - As Opnioes que o DL Teve.
. 1976 - Os Apontamentos.

Contos:

. 1978 - Objecto Quase.
. 1979 - Poetica dos Cinco Sentidos - O Ouvido.
. 1997 - O Conto da Ilha Desconhecida.

Pecas Teatrais:

. 1979 - A Noite.
. 1980 - Que Farei com Este Livro?
. 1987 - A Segunda Vida de Francisco de Assis.
. 1993 - In Nomine Dei.
. 2005 - Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido.

Viagens:

. 1983 - Viagens a Portugal.

Diario e Memorias:

. 1994 - Cadernos de Lanzarote ( I-V).
. 2006 - As Pequenas Memorias.

Infantil:

. 2002 -  A Maior Flor do Mundo.

Entre as premiacoes que Saramago recebeu ao longo da vida vida como Escritor destacam-se o Premio Camoes de 1995 - Distincao maxima oferecida aos escritores de Lingua Portuguesa e o Premio Nobel da Literatura de 1998, o primeiro concedido a um Escritor de lingua portuguesa.

Estaria mentindo se elogiasse Saramago ou algum dos seus livros. Sempre achei Saramago como alguem politicamente errado, religiosamente errado e como pessoa alguem que deixava muito a desejar em certos sentidos. Saramago parecia ser o que se pode chamar de alguem que procurava criar polemica e escandalos. Pode ter ate sido um Escritor nao digo que bom nem mau mas razoavel que talvez tenha vencido o Premio Nobel pela polemica que causava e por razoes politicas do que propriamente pelo seu merito como escritor. Posso ate falar da pessoa de Jose Saramago mas nao dos seus livros porque jamais li algum, isso me impede tambem de falar de Saramago Escritor abertamente, falo do homem apenas.

Nao quero dizer que no futuro nao posso ler algum livro de Saramago mas sempre o recusei a fazer pela forma de como ele atacava a Religiao, atacava os seus inimigos mas ocultava os erros de amigos seus, nunca o ouvim criticar fosse o que fosse vindo do comunismo.

Nao compreendo como e que alguem queria aproveitar o jornal no qual trabalhava para criar um novo socialismo em Portugal e depois atacava e criticava tanto os fundadores do Partido Socialista em Portugal.

Tambem como ja referim nao posso ver alguem seja politicamente, religiosamente ou ate como pessoa estar a agir correctamente quando defendia tanto uma integracao de Portugal na Espanha e ele proprio nao era o primeiro a dar o exemplo optando pela nacionalidade e cidadania espanhola, Saramago penso que foi uma pessoa com talento, um bom e grande intelectual mas sempre defendendo a ideologia errada, ja ouvim dizer o mesmo acerca de Alvaro Cunhal e agora digo eu proprio acerca de Jose Saramago.

Como Escritor penso que esta ao nivel dos melhores em Portugal como Eca de Queiros, Camilo Castelo Branco ou Fernando pessoa sendo que estes tinham a vantagem de nao provocar tanta polemica e vozes criticas.

Caro(a) leitor(a) chego ao fim desta cronica fazendo votos que tenha gostado da mesma e fazendo tambem a promessa de voltar em breve, aos fans de Jose Saramago e seus defensores tenho apenas a pedir que nao me levem a mal ter falado do mesmo de forma critica e sobretudo que nao me avaliem da mesma maneira, ate breve.

                                                                                                              Manuel Goncalves














  














6 comentários:

  1. Texto muito bem escrito, com apenas alguns pontos a melhorar..
    Quanto ao , talvez não fosse o mais correto no campo da politica e eu mepoliticasmo que sou comunista admito isso, no entanto concordl com tudo e sublinho "tudo" que ele escreveu sobre a religião... No tempo em que ele começou a escrever viviamos num tempo em que a igreja catolica dominava... o sexo casual era praticamente proibido associado ao diabo quando à pessoas que nem acreditam nesse deus de ouro... o vaticano como ainda é agora, rico ao ponto de nadar em dinheiro e achava se na altura capaz de mandar em qualquer um... não "fosse de deus" era rejeitado pela sociedade, compreendo tudo que ele escrevia... felizmente agora 90% dos jovens são ateus (budistas incluidos já que o budismo é considerado uma religião ateísta) então o futuro é promissor

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  2. Agradeco desde ja o seu comentario e nao deixo de concordar com alguns pontos. Nao sou Ateu, nao su Comunista e vejo o Budismo nao so como uma filosofia como tambem religiao e quanto ao resto gosto sempre de sizer a Igreja sobretudo aquela do Vaticano e o opio do povo e parece estar cada vez mais podre.
    Pedofilia, homosexualidade, freiras que engravidam etc nao falta nada.

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  3. Ramos Horta e Xanana Gusmão não são também prémios Nobel portugueses? Em 1996, ano em que lhes foi atribuido esse galardão, teriam certamente nacionalidade portuguesa: eram cidadãos portugueses residentes em Timor aquando da invasão da Indonésia em 1974. Não vejo que outra nacionalidade poderiam ter em 1996 que não a nacionalidade portuguesa, mas posso estar enganado. Será que me sabe esclarecer este ponto?

    Filipe Oliveira

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  4. Amigo Anonimo que assina Filipe Oliveira primeiro Xanana Gusmao nao foi Premio Nobel em 1996 nem nunca o foi. Quem galardoado em 1996 foi de facto Ramos Horta e Ximenes Belo, creio que o amigo fez confusao do Ximenes Belo com Xanana Gusmao.

    Ramos Horta e Ximenes Belo nasceram em Timor-Leste de facto numa altura em que Timor era portugues creio que poderiam ser considerados de portugueses de origem timorense mas nunca tao somente portugueses.

    Timor embora nao tivesse recebido a independencia em 1996 poderia ser tudo menos portugues e de facto os dois galardoados eram timorenses hoje depois da saida Indonesia de Timor e da sua independencia o Premio Nobel da Paz tem a nacionalidade Timorense, facilmente o amigo pode comprovar isso na pagina da wikipedia referente ao Premio Nobel da Paz embora talvez o caso seja mais de opniao pessoal de cada um.

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  5. Muito interessante! Adorei este post!!!!!!!!!

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    1. Caro Luis Cardiga agradeco-lho por este seu comentario.

      Em relacao ao outro comentario achei que nao deveria ser publicado por se tratar certamente de alguma brincadeira de muito mau gosto. Nao sei quem e o amigo mas se tem alguma coisa a dizer, diaga-me sem estar a fazer referencia a esta parte como escreveu no comentario que nao foi publicado "a co... da tua mae", peco-lhe que nao volte a fazer o mesmo.

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